A luta não pode parar

A luta continua.
Apesar de parceiros televisivos dos que nos condenam, não perdemos a esperança.
Não perdemos a esperança em Deus, que é louvor;
Não perdemos a esperança na Justiça, mesmo sendo essa justiça;
Não perdemos a esperança no homem, que é imagem e semelhança do Criador;
Não perdemos a esperança só porque esqueceram de nós;
Não perdemos a esperança só porque somos da periferia, nem porque a polícia invade aqui para oprimir e humilhar os moradores.
Enfim, não vamos perder a esperança mesmo porque é o único meio possível de sobrevivência no mundo que tentamos deixar para os nossos.
Tentamos por todos os meios possíveis e legais continuar na área que há pouco mais de 10 anos cuidamos.
Nessa área crianças se tornaram homens de bem, profissionais, trabalhadores. Nessa área começou o sonho de muitas pessoas.
Vimos crianças se orgulharem por poder, a partir dessa área, doarem alimentos a pessoas mais necessitadas do que eles mesmos; vimos o sorriso nos seus rostos ao darem o que eles mesmos não tinham, só pelo prazer de fazer alguém feliz.
Vimos pais e mães, com seus filhos vendendo frutas, água mineral, suco, lanches... para sobreviverem honestamente.
Vimos um bairro unido por terem afazeres em conjunto, uma comunidade pacífica e ajudadora porque é bom ter e poder ajudar ao próximo.
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Agora, gente, pasmem! Mas o que vemos aqui é o descontrole da violência que teimo em repetir que o que o Governo chama de estatística, para nós é DESGRAÇA. A desgraça e depreciação de uma comunidade desrespeitada principalmente por quem devia nos proteger, pois vivem às custas do nosso sofrimento e do descaso que nos assola. Quem é pago por nós para nos dar proteção, faz segurança privada para uma empresa que desrespeita ordem judicial, o Estatuto da criança e do adolescente e a comunidade onde quer erguer seu mais novo império.
Esse é um grito de socorro! Um grito que as pessoas de bairros próximos e distantes, que se deliciaram ao nos visitar, jogando futebol, contatando novos amigos, revendo antigos colegas e parentes, sabem do que estamos dizendo. Moradores de Fazenda Grande do Retiro, Mussurunga, Arraial do Retiro, Cabula e outros, sabem da nossa cordialidade, pois jogaram e passaram muitos domingos conosco. Nesse lugar que muitos discriminam, essas pessoas vieram e foram bem tratados e voltaram. Esse lugar, onde nunca, durante o período de 10 anos de Campeonatos e outras opções de lazer, nunca mesmo, precisou de um policiamento para desenvolvimento dos esportes praticados aqui, apesar de inúmeros ofícios protocolados onde requeremos presença da polícia. Para nós e nesse tempo nunca foi possível a presença de sequer um policial, mas agora, e para a proteção da empresa que está prestes a ser erguida, a polícia aparece. Aparece e faz rondas excessivas ao local, apesar de moradores dessa pobre comunidade sofrerem com assaltos constantes de motoqueiros e outros ladrões em carros quando estão saindo para o trabalho.
Para nós ainda não houve Justiça.
Qual bairro em qual cidade e em qual país não possui uma área destinada ao lazer? São Gonçalo do Retiro. Só. Só nós aqui.
Tentamos fazer um acordo com os poderosos, onde ficaríamos só com uma área para um campinho de futebol e eles nos negaram.
Que egoísmo, meu Deus! Nunca, na história da humanidade tanta humilhação foi feita, nem nos tempos em que escravizaram africanos e índios.
Esperamos que pessoas interessadas no bem estar do próximo possam nos ajudar. Pessoas que possam e queiram ajudar 'os pobres' serão bem-vindas!
Felicidades pra vocês e pra nós também!
Amém!

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